sábado, 29 de novembro de 2025

Caso Benício: Médica admite ter prescrito adrenalina na veia que matou criança de 6 anos

A morte do pequeno Benício Xavier, de apenas 6 anos, ganhou novos desdobramentos após um documento interno do Hospital Santa Júlia, em Manaus, chegar às mãos da Polícia Civil. No relatório, ao qual a Rede Amazônica teve acesso, a médica Juliana Brasil Santos admite ter se equivocado ao prescrever adrenalina por via intravenosa, uma medicação que, segundo ela própria relatou, deveria ter sido administrada por via oral.

Os pais de Benício denunciaram o caso na terça-feira (25), afirmando que o filho morreu depois de receber uma dosagem incorreta durante o atendimento entre sábado (23) e a madrugada de domingo (24). Na manhã de ontem, sexta-feira (28), tanto a médica quanto a técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva, responsável pela aplicação, chegaram à delegacia por volta das 9h30 para prestar depoimento. Ambas entraram com os rostos cobertos.

No relatório enviado pela unidade hospitalar, Juliana afirma que chegou a comentar com a mãe do menino que a medicação seria administrada de forma diferente da que acabou registrada. Ela também relata ter ficado surpresa por a equipe de enfermagem não questionar a prescrição.

Outro documento, desta vez elaborado pela UTI Pediátrica, confirma que o menino deu entrada na unidade após uma "administração errônea de adrenalina na veia". O relatório aponta que Benício apresentou taquicardia, palidez intensa, dificuldade respiratória e sinais de intoxicação por substâncias que afetam o sistema nervoso.

Investigação e pedido de prisão

De acordo com a Polícia Civil, Juliana é apontada como principal responsável pela ordem de administrar a medicação por via intravenosa. Raiza, por sua vez, diz que apenas seguiu a prescrição registrada.

O delegado Marcelo Martins pediu a prisão preventiva da médica, classificando o caso como homicídio doloso, quando há intenção de matar ou assunção de risco.

"Se ela permanece em liberdade, pode voltar a trabalhar normalmente e colocar outras vidas em risco. Se não conferiu uma medicação para uma criança de seis anos e o resultado foi morte, quem garante que isso não se repita?", afirmou o delegado.

Apesar do pedido, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) concedeu um habeas corpus preventivo, impedindo que a médica seja presa enquanto as investigações estiverem em andamento.

Ao deixar a delegacia, a técnica de enfermagem declarou que apenas executou o que estava na prescrição. Segundo a polícia, as duas profissionais trocaram acusações durante os depoimentos, o que levou a autoridade a marcar uma acareação para confrontar as versões.

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