Presentes em todos os lugares a todo tempo, os microplásticos cada vez mais se revelam como um potencial problema de saúde pública global. Embora a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) afirme – em documento de 2022 - que o número de pesquisas ainda são insuficientes para estabelecer uma relação entre doenças e o consumo ou a inalação desse material, novos estudos indicam que essa correlação é uma probabilidade real. Prudentemente, no mesmo relatório, a organização alertou que fragmentos com menos de 10 micrômetros provavelmente são absorvidos biologicamente e pediu a redução da poluição por plástico para diminuir a exposição humana à substância.
Um dos mais recentes estudos sobre a questão - publicado na revista Environmental Health Perspectives (EHP) – mostra que as partículas de plásticos podem migrar do intestino para outros órgãos, incluindo o cérebro. Uma outra pesquisa, de março, divulgada no The New England Journal of Medicine, apontou que microplásticos foram encontrados nas artérias de 60% das pessoas que participaram do estudo, e que nesses indivíduos, o risco de morte, ataque cardíaco, ou de AVC (acidente vascular cerebral) era 4,5 vezes maior, em comparação com quem não apresentava o material nas artérias.
À medida que as pesquisas sobre os efeitos dos microplásticos nas pessoas aumentam, as más notícias se acumulam. Graças à poluição e ao descarte inapropriado, cientistas já encontraram microplásticos em rios, mares, florestas, cidades, no gelo da Antártica, no topo de montanhas e nas profundezas do oceano. Na água armazenada em garrafas plásticas, vegetais e animais consumidos por humanos; em órgãos humanos, como intestino, fígado, vasos sanguíneos, urina e leite materno.
Os microplásticos são pequenas partículas - menores do que 5 milímetros - de plástico, que podem ser liberados da embalagem de alimentos, bebidas, pneus, roupas e canos. Eles podem ser gerados, por exemplo, quando lavamos uma camisa de poliéster, contaminando a água que vai parar em rios e nos organismos que vivem neles. A liberação de micropartículas também ocorre quando um saco plástico é descartado de forma inadequada e vai se degradando no ambiente.
Os cientistas estimam que as pessoas ingerem, em média, 5 gramas de partículas microplásticas por semana – o equivalente ao peso de um cartão de crédito. Outro cálculo, apresentado em 2016 no Fórum Econômico Mundial, projeta que em 2050 haverá mais plásticos que peixes nos oceanos. Segundo o relatório, a proporção entre as toneladas de plástico e as toneladas de peixe registradas nos oceanos era de 1 para 5 em 2014. Em 2025, será de 1 para 3 e em 2050 irá evoluir de 1 para 1.
Algumas alternativas para reduzir o uso de plástico também são estudadas. Pesquisadores estão desenvolvendo técnicas para tentar eliminar a poluição causada pelo plástico. Uma das linhas mais estudadas é o uso de fungos, bactérias e mesmo insetos que se alimentem de plástico e decomponham o material durante o processo. Já foi visto que uma espécie de larva de besouro pode se alimentar de poliestireno. Cientistas também examinam técnicas de filtragem de água e tratamentos químicos que possam remover o microplástico.
Até todo esse emaranhado de alternativas se consolidar, cada pessoa pode fazer sua parte. Entre as principais ações estão a diminuição do consumo de embalagens plásticas (mesmos as biodegradáveis) e o descarte correto, apostando na reciclagem e reutilização desse material.
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