A preocupação com o câncer de próstata tem começado cada vez mais cedo entre homens mais jovens. Ainda que o risco para a doença seja maior a partir dos 50 anos, homens nas faixas etárias até 49 anos fizeram 14 vezes mais procedimentos por conta do tumor na Bahia
Em cinco anos, entre 2020 e 2024, os procedimentos ambulatoriais para câncer de próstata em homens com até 49 anos saltaram de 679 para 9.699 - ou seja, um crescimento de mais de 1428%, segundo Ministério da Saúde. Em 2025, os dados até agosto também indicam a tendência de aumento, já que chegam a 8.896.
No Brasil, segundo o Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) do SUS, também houve alta de 161%, com 7.423 atendimentos em 2020 contra 19.415 intervenções ambulatoriais em 2024. Já em 2025, até agosto, foram 15.748 ocorrências.
O número de procedimentos, contudo, não corresponde exatamente ao total de pacientes atendidos. Isso porque, de acordo com o Ministério da Saúde, uma mesma pessoa pode ter feito mais de um procedimento ou ter sido internada mais de uma vez ao longo de seu tratamento.
Mesmo assim, um aumento tão expressivo é multifatorial, como explica o cirurgião robótico Lucas Batista, chefe dos serviços de urologia da Universidade Federal da Bahia e do Hospital Cárdio Pulmonar.
Um deles é justamente a maior disseminação de informações sobre a necessidade de consultar um urologista e fazer o exame de PSA (Antígeno Prostático Específico). O médico considera que isso aumentou nos últimos 15 anos, especialmente pela atuação das sociedades médicas, dos hospitais e da imprensa. “Existe uma mudança de geração, com uma massificação maior de informações. As pessoas estão conseguindo entender melhor essas questões e isso ajuda mais gente procurar o médico e não deixar para a última hora”, analisa.
Não é possível, segundo ele, afirmar que os tumores de próstata são mais frequentes hoje do que eram há alguns anos. Por outro lado, há uma tendência maior de diagnósticos mais precoces. “Antes, a gente dava diagnósticos de paciente com 60 anos. Agora, essas pessoas estão recebendo o diagnóstico com 50 anos”, pontua.
O oncologista Denis Jardim, líder nacional da especialidade de tumores urológicos da Oncoclínicas, faz uma ponderação semelhante: o crescimento não significa, necessariamente, que mais homens jovens estejam desenvolvendo a doença. Ele também acredita que o aumento se relaciona com a maior conscientização, a ampliação do acesso à rede de saúde e a mudança de comportamento em relação ao autocuidado masculino.
Campanhas de prevenção, especialmente o Novembro Azul, vêm contribuindo para que mais homens, inclusive abaixo dos 50 anos, busquem uma avaliação médica preventiva. Também observamos um movimento gradual de redução do preconceito em relação às consultas e exames, aliado ao desejo de envelhecimento saudável e ao acesso mais amplo à informação”, afirma.
Precoce
É comum que existam diferenças no comportamento do tumor de próstata entre faixas etárias. “Quando o câncer de próstata aparece em homens mais jovens, ele pode apresentar características mais agressivas e evolução mais rápida. Já em pacientes mais velhos, podem ser diagnosticados casos de evolução mais indolente e a vigilância ativa pode ser uma estratégia segura. Como isso não é uma regra, cada caso precisa ser avaliado individualmente”, explica o oncologista Denis Jardim.
Diagnosticar o câncer de próstata cedo pode fazer muita diferença para o tratamento. Isso porque os tumores de próstata costumam ter desenvolvimento lento, além da baixa taxa de mortalidade.
Segundo o cirurgião robótico Lucas Batista, alguns pacientes chegam a passar cinco anos com o tumor não diagnosticado e 90% dos casos são de risco baixo ou intermediário, com boas chances de cura. Nas fases iniciais, contudo, o mais comum é que os pacientes não tenham sintomas.

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