terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Bolo e arroz: mortes por envenenamento acendem alerta no Brasil

Os recentes casos de envenenamento registrados em Torres (RS) e Parnaíba (PI) colocaram em evidência a gravidade desse tipo de crime e as consequências. As investigações destacaram o uso de métodos silenciosos e letais, como a contaminação de alimentos, que resultaram em mortes e hospitalizações. Ao portal A TARDE, o especialista em Medicina de Emergência, Oswaldo Neto, explicou os sintomas e os procedimentos realizados.

Casos que chocaram o Brasil

Em Torres, no litoral gaúcho, Deise Moura dos Anjos, de 42 anos, foi presa suspeita de tentar matar a sogra Zeli, ao envenenar um bolo que matou três mulheres da mesma família e deixou outras duas pessoas hospitalizadas.

Com as suspeitas de envenenamento, a polícia decidiu investigar também a morte do sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, que era marido de Zeli. Ele morreu em setembro e seu foi exumado na semana passada. A perícia apontou que ele também havia ingerido arsênio.
Já em Parnaíba, no Piauí, Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 anos, foi acusado de envenenar um prato de baião de dois, causando a morte de quatro pessoas e deixando uma criança em estado grave. De acordo com a perícia realizada no almoço consumido pela família foi detectada a presença de terbufós no arroz que a família consumiu

E o que a princípio parecia ser um caso de intoxicação alimentar rapidamente se tornou uma investigação criminal. Ambos os episódios levantaram discussões sobre as implicações do uso de substâncias tóxicas como arma e o que fazer caso haja suspeitas da prática.
Atendimento e sintomas

De acordo com o médico Oswaldo Alves Bastos Neto, os sintomas de envenenamento podem variar de mal-estar discreto a uma parada cardiorrespiratória. “No atendimento de emergência, buscamos identificar a toxidrome — conjunto de sinais e sintomas característicos — para direcionar o tratamento a uma família de substâncias. Na maioria dos casos, o tratamento é de suporte, com o objetivo de manter as condições vitais até que o paciente se recupere”, explica.

Segundo o especialista, os sintomas podem ser confundidos com intoxicação e podem incluir alterações no nível de consciência, dificuldade respiratória, transpiração, alterações no ritmo cardíaco e pressão arterial.

No desespero, quem está sofrendo pode tomar medidas sem orientação médica, como a indução de mas segundo o especialista, o procedimento mais adequado é buscar atendimento médico e contatar o Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia - antigo CIAVE-. “Os procedimentos devem ser feitos sob supervisão da equipe de saúde ou orientação do CIATOX”.

Perigo do “chumbinho”

Entre as substâncias mais comuns nos casos de envenenamento está o “chumbinho” (carbamato), um raticida de uso proibido no Brasil, mas ainda amplamente comercializado de forma ilegal.

“O carbamato age no sistema nervoso, provocando sudorese, falta de ar, alterações cardíacas e neurológicas. Outros raticidas, embora menos perceptíveis inicialmente, podem causar hemorragias graves dias após a exposição”, alerta o médico.

Como agir em casos de intoxicação

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orienta que, em situações de suspeita de envenenamento, o primeiro passo é buscar atendimento médico imediato. Além disso, a Anvisa disponibiliza o serviço de Disque-Intoxicação pelo número 0800-722-6001, que funciona como um canal de orientação e denúncia.

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