quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Preço do café dispara e acumula 30% de aumento em 2024

A artesã e microempreendedora Vilma Neris é tão apaixonada por café que toma cerca de 1 litro e meio da bebida por dia, são sete pacotes por mês. Ela conta que mora com a filha, mas que consome quase tudo sozinha e não tem tempo ruim, pode ser moído, passado no coador, ou até expresso, o importante é ser café. Mas o reajuste de 30,13% no preço do produto, em 2024, tem deixado a trabalhadora preocupada.

Gosto de café, independentemente do horário. Pela manhã, eu não tomo uma xícara, tomo uma caneca que tem quase meio litro. Gosto dele preto e não tenho limites para beber café durante o dia. Agora, o preço tem pesado muito. Eu gosto de uma determinada marca, estou tendo que comprar outra marca e pegando vários pacotes quando vejo uma promoção", explicou Vilma.

Dentre todos os produtos e serviços pesquisados para calcular a inflação oficial, o café teve o 3º maior reajuste do ano. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), entre janeiro e setembro de 2024, o café moído acumulou 30,13% de aumento em Salvador e Região Metropolitana, o produto ficou atrás apenas da manga (50,49%) e do alho (33,78%). Segundo os produtores, a estiagem nas lavouras é responsável pelo aumento dos valores.

O gerente da Cooperativa Agropecuária do Oeste da Bahia (Cooproeste), instituição que também produz e comercializa café no Oeste do estado, Ronaldo Henrique contou que existem dois fatores responsáveis por esse cenário, que o valor do produto deve se manter no patamar que está nos próximos meses e que a chuva será determinante para a queda nos preços.

As condições climáticas e o baixo estoque mundial do produto influenciaram no preço. Tivemos um período de muito calor e poucas chuvas. A estiagem está passando, a partir de agora, começa o período mais chuvoso, no último fim de semana, por exemplo, tivemos chuva. Por enquanto o preço deve se manter”, explicou.

O Dieese apontou que o café em pó teve a maior alta dentre os 12 produtos da cesta básica (8,54%), em setembro. Em 12 meses, o acumulado foi de 42,32% em Salvador e Região Metropolitana. O preço do pacote com 250gm do produto moído pode passar dos R$ 13, dependendo da marca e do tipo de grão. Na casa do empresário Carlos Gama, no Rio Vermelho, a família abriu mão do café tradicional pela cevada do produto.

"Inicialmente, a troca foi por uma questão de saúde, porque a cevada não tem cafeína, mas, depois, com aumento no preço do café, a troca virou uma necessidade. Para se ter uma ideia, estamos pagando R$ 3,59 na cevada, enquanto o pacote do café está de R$ 8,59. O sabor da cevada é um pouco mais amargo, mas com o tempo a gente acostuma", disse.

Há quem tente trocar o café por chá, suco ou outras bebidas, mas os fãs dificilmente abrem mão. Na casa da professora Michele Oliveira, 31 anos, o café faz parte da rotina matinal. Ela prefere com açúcar, já a irmã gosta com leite e a mãe escolhe puro. Apesar dos gostos diversos, elas concordam que o preço do café ficou salgado. Michele conta as estratégias que tem adotado.

"A primeira alternativa é sempre trocar a marca por uma mais barata, mas, às vezes, nem isso resolve. A gente sempre comprava no mercado, na prateleira comum [varejo], mas agora estamos dando preferência por pegar no atacado. Está mais em conta. O que não dá é para ficar sem café", afirmou a professora.

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