Milhares de pessoas se reuniram nas ruas da capital da Venezuela neste sábado, 3, agitando a bandeira nacional e cantando o hino do país em apoio a um candidato da oposição que eles acreditam ter vencido a eleição presidencial. As autoridades declararam que o presidente Nicolás Maduro foi o vencedor da eleição do último domingo, 28 de julho, mas ainda não apresentaram os resultados da votação para provar que ele venceu.
Em vez disso, o governo prendeu centenas de partidários da oposição que saíram às ruas nos dias que se seguiram à eleição contestada, e o presidente e seus quadros ameaçaram prender também a líder da oposição, María Corina Machado, e seu candidato presidencial, Edmundo González.
Neste sábado, os partidários entoaram cânticos e cantaram quando Machado chegou ao comício em Caracas. Ela, que foi impedida pelo governo de Maduro de concorrer a um cargo público por 15 anos, estava escondida desde terça-feira, dizendo que sua vida e liberdade estavam em risco.
Assaltantes mascarados saquearam a sede da oposição na sexta-feira, levando documentos e vandalizando o espaço. Machado ergueu uma bandeira venezuelana e disse que o regime que forçou milhões de venezuelanos a deixar seu país estava finalmente chegando ao fim.
"Superamos todas as barreiras! Derrubamos todas elas", disse Machado. "Nunca o regime esteve tão fraco."
Carmen Elena García, uma vendedora ambulante de 57 anos, juntou-se à manifestação, embora tenha dito que temia que o governo pudesse atacar. "Eles têm que me respeitar e têm que respeitar todos os venezuelanos que votaram contra esse governo", disse. "Não aceitaremos que roubem nossos votos. Eles têm que respeitar nossos votos."
Neste sábado, a Organização dos Estados Americanos pediu "reconciliação e justiça" na Venezuela. "Que todos os venezuelanos que se expressam nas ruas encontrem apenas um eco de paz, uma paz que reflita o espírito da democracia", disse a OEA em um comunicado.
Machado e González, um ex-diplomata de 74 anos, disseram que as atas de apuração que obtiveram dos centros de votação em todo o país mostram que Maduro perdeu sua tentativa de se reeleger a um terceiro mandato de seis anos de forma esmagadora.
Uma análise feita pela agência de notícias Associated Press (AP) ontem, das folhas de contagem de votos divulgadas pela principal oposição da Venezuela, indica que Gonzalez obteve significativamente mais votos na eleição do que o governo alegou, lançando sérias dúvidas sobre a declaração oficial de que Maduro venceu.
No final da sexta-feira, a Suprema Corte do país, o Tribunal Supremo de Justiça, ordenou que o Conselho Nacional Eleitoral, controlado por Maduro, entregasse as folhas de contagem de votos dos distritos em três dias. Vários governos, inclusive os aliados regionais mais próximos de Maduro, pediram que as autoridades eleitorais da Venezuela divulgassem as contagens de cada distrito, como fizeram em eleições anteriores.
A AP processou quase 24 mil imagens de folhas de apuração, representando os resultados de 79% das urnas eletrônicas. Cada folha codificou as contagens de votos em QR-codes, que a AP decodificou e analisou programaticamente, resultando em tabulações de 10,26 milhões de votos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário