A desinformação financeira tem se tornado um dos principais riscos para o consumidor brasileiro. Vídeos e postagens que prometem “limpar o nome” ou “aumentar o score de crédito” se multiplicam nas redes sociais, alimentando golpes que usam linguagem técnica e até vozes geradas por inteligência artificial para enganar o público. O avanço dessas fraudes expõe a vulnerabilidade digital dos consumidores e reforça a importância da informação correta como forma de proteção financeira.
Entre as vítimas desse tipo de golpe está a Marta Cunha, assessora administrativa, que teve sua conta bancária esvaziada após uma sequência de ligações falsas. “Eles ligaram dizendo que era preciso aumentar meu limite Pix e pediram para eu fazer um teste com R$ 1 (um real). Depois disso, começaram a mandar mensagem usando a logo do banco, repetiam meus dados e diziam que a ligação tinha caído. Quando percebi, todo o dinheiro da conta e o limite do cartão tinham sido usados como se fosse eu fazendo as transferências”, conta. Marta registrou queixa e comunicou ao banco, mas não conseguiu reaver o valor
Casos como o de Marta não são isolados. Segundo Aline Vieira, coordenadora de conteúdo da Serasa, a desinformação financeira tem se espalhado com rapidez pelas redes, alimentando golpes cada vez mais sofisticados. “Estão sendo publicados muitos vídeos e postagens prometendo ‘limpar nome sem pagar’ ou ‘aumentar pontuação de crédito em 24 horas’. Essas falsas promessas se propagam com facilidade, principalmente porque as notícias falsas têm 70% mais de chance de circular do que as verdadeiras”, explica. Aline alerta que golpistas vêm usando inteligência artificial e vozes de pessoas conhecidas para enganar o público, o que torna as fraudes mais convincentes.
Evitar armadilhas
As fraudes financeiras que circulam nas redes sociais, evoluem rapidamente e se adaptam às novas formas de enganar o público. De acordo com Aline, a melhor forma de enfrentar esse cenário é com informação. “A cada semana surgem novas versões de golpes, e acreditamos que a maneira mais eficaz de enfrentá-los é compartilhando a informação correta e orientando as pessoas sobre como se proteger”, afirma.
Entre as principais armadilhas estão as mensagens que pedem dados pessoais, links que direcionam para sites falsos e e-mails sem canais oficiais de contato. Golpistas se aproveitam da confiança e da falta de atenção das vítimas para obter informações sigilosas, como senhas e números de cartões. A orientação é sempre confirmar a origem das comunicações e buscar os canais já conhecidos da instituição antes de realizar qualquer ação.
O aumento das fraudes digitais também tem mobilizado o setor bancário a investir em mais proteção e tecnologia. Segundo Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços de Segurança da da Federação Brasileira de Bancos, “a Febraban e os banco associados têm como prioridade a segurança dos seus clientes e neste ano deverão investir quase R$ 48 bilhões em tecnologia e segurança da informação por meio do monitoramento constante de suas respectivas infraestruturas, sendo que deste total 10% são voltados para a prevenção de fraudes e segurança”.
Walter explica que as instituições financeiras contam com sistemas avançados de proteção e apostam na conscientização dos usuários. “Os bancos associados contam com o que há de mais moderno em relação à segurança cibernética e prevenção a fraudes, como mensagem criptografada, autenticação biométrica, tokenização, e usam tecnologias como big data, analytics e inteligência artificial em processos de prevenção de riscos. Além disso, investimos de maneira ininterrupta e massiva em campanhas de conscientização e esclarecimento com a população por meio de marketing em TVs, rádios e redes sociais”, afirma. O avanço das iniciativas de segurança e de informação mostra que, diante de golpes cada vez mais sofisticados, a combinação entre tecnologia e educação continua sendo a principal forma de proteger o consumidor.
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