segunda-feira, 18 de julho de 2022

Violência obstétrica faz jovem passar por três cirurgias de reparação e não poder segurar filha no colo

No momento que deveria ser de maior felicidade para uma mãe, o nascimento de uma filha, a jovem Kaila Conceição de 22 anos, viveu cenas de terror em um hospital do município de Entre Rios,no interior da Bahia. Durante o parto, o médico a cortou sem autorização e cravou sequelas físicas e psicológicas na jovem. Ela já pssou por três cirurgias e ainda não pode segurar a filha já com um ano e cinco meses.

De acordo com o Jornal Correio, para que a Marina nascesse, o médico, Mário Olímpio Pereira Neto usou de uma técnica conhecida como manobra de Kristeller, onde para acelerar o parto se faz pressão externa sobre o útero da mulher. Além disso, ele cortou com um bisturi a parturiente entre o ânus e a vagina, sem consentimento da vítima. As condições do parto foram denunciadas à delegacia da cidade pelos avós de Kailla. O nome do horror vivido por Kaila é violência obstétrica e o caso rendeu denúncia ao Ministério Público da Bahia (MP).

Kaila deu entrada no Hospital Municipal Edgar Santos aguardando ser regulada para uma maternidade. "Chegando, fui atendida e disseram que tinha que ser internada. Depois veio o médico que fez meu parto". A gestante tinha dois centímetros de dilatação quando, segundo ela, Mário Olímpio avisou: "Você está pronta para parir", contou. O problema é que num parto natural, a dilatação do colo do útero deve estar por volta de 10 cm quando a mãe inicia o processo de expulsão do bebê. Caso, alguma dificuldade aconteça nesse momento e para não causar sofrimento para criança ou risco para mãe é que a equipe médica decide pela cesárea. No caso de Kaila, o início do parto forçado aconteceu com quatro cm de dilatação.

Por conta da violência vivida durante o parto, Kaila já retornou ao centro cirúrgico por três vezes. Numa dessas vezes precisou fazer uma colonoscopia, que é a exteriorização de parte do intestino grosso, o cólon, para eliminação de gases ou fezes. Isso porque no parto um buraco foi aberto entre a bexiga e a vagina o que fazia com que a s fezes escapassem pelo canal vaginal dela. Depois, vieram a reconstrução do trânsito intestinal e, há duas semanas, a reparação do cólon, em Salvador, a 132 Km de casa.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) explica que a violência obstétrica se configura quando há ao menos uma de sete violações. São elas: abusos físico, sexual ou verbal, estigma ou discriminação, uso de práticas obsoletas ou não recomendadas (como a episiotomia e a manobra de Kristeller, ambas aplicadas em Kaila), falha na comunicação e falta de estrutura do hospital.

Nenhum comentário:

Postar um comentário