sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Está tudo bem...

Está chovendo em Itarantim, todo mundo feliz, pastos verdes, muita gente plantando feijão, milho, fazendo planos e outros tantos se endividando, contando com a colheita futura, mas o que me preocupa nessa história toda é que parece que fomos todos assolados por uma amnésia crônica que nos fez esquecer do sofrimento do verão passado. 

Não somente a estiagem mas também os prejuízos foram históricos na pecuária de corte, na produção de leite, no desemprego rural e na perda de pastagens, nascentes e em muitas regiões do município destruição do restinho da mata nativa. Não bastasse a ação destrutiva da seca somou-se a essa trágica situação a irresponsabilidade e inconsequência de muitos fazendeiros que ainda usam as queimadas, numa ilusória e inútil renovação de pastos e o resultado dessa bramuria foi que o fogo invadiu as matas, ampliando em muito a destruição.

Será que nos esquecemos também do sofrimento da população urbana que ficou sem água para abastecimento e padeceu com sua falta em hospitais e escolas ou das cenas nunca imaginadas da disputa de água entre Potiraguá e Itarantim?

A população se mobilizou e foi às ruas exigir da Embasa a limpeza da barragem e ampliação do sistema de captação de água mas ela simplesmente ignorou os protestos, deixando o tempo passar e até hoje nada foi feito.

Mas hoje ninguém se importa ou se preocupa muito com isso hoje porque está chovendo e existe fartura para todos.

A bacia do Rio Jundiá responsável pelo abastecimento da cidade vem sendo destruída ao longo dos anos por todo tipo de agressão ambiental imaginável. Fazendeiros construindo barragens ao longo do Rio, desviando cursos da água e acabando com matas ciliares, o que traz como consequência a diminuição drástica no volume daquilo que já foi o mais importante rio da região. Água sumida nunca mereceu tanto esse nome como agora porque a água realmente sumiu.

Mas está chovendo e tudo está bem

A triste notícia é que, com certeza, nos encontraremos mais na frente numa situação provavelmente pior do que na seca do ano passado e aí, além das lamentações, virão as cobranças, as exigências e as acusações àqueles que detiverem o poder público à época.

É necessário que a gente tome consciência que algo tem que ser feito por todos nós, não apenas por uns poucos políticos, mas por todos nós, para salvarmos não somente as terras tão produtivas de Itarantim, mas principalmente a nossa família, os nossos filhos, de um trágico final já anunciado. 

Roberto Dantas – robertodantas@itarantim.com.br

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